24 abril 2015

Xenofobia e shangaanfobia: história e estereótipos na África do Sul e em Moçambique (4)

"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem. " [Bertolt Brecht]
Quarto número da série. Passo ao terceiro ponto do sumário proposto aqui, a saber: 3. Causas e precipitantes. Admitamos que tudo na vida e na sociedade está em relação e que ocorrendo o fenómeno A ou um conglomerado de fenómenos A, é muito possível que surja o fenómeno B ou um conglomerado de fenómenos B. Se admitirmos essa premissa relacional, aceitaremos que a xenofobia tem uma causa ou tem várias causas reunidas num dado fenómeno. No tocante à África do Sul, surgiram correntes defendendo que foi o rei zulu, Goodwill Zwelithini, quem despoletou a violência xenófoba. Porém, o rei não deve ser considerado como uma causa, mas como um dos precipitantes, um dos aceleradores, um dos reagentes de fenómenos socialmente latentes e que geraram os movimentos 3 e 4 sugeridos no número anterior. Nesta série vou tentar propor algumas situações, conjunturais umas, estruturais outras, que, unidas, têm gerado os movimentos xenófobos na África do Sul, por exemplo em 2008, 2010 e agora este ano.

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