22 fevereiro 2014

Xenofobia: construção colectiva do inimigo total (2)

"Residentes de Cullinan, Pretória, África do Sul, levantaram-se terça-feira contra cidadãos estrangeiros, depois de um logista de origem paquistanesa ter supostamente agredido uma criança, que viria mais tarde a falecer no hospital. [A agressão terá ocorrido a semana passada. Segundo fontes, a criança um menino de 10 anos terá roubado bombons na loja de um paquistanês que o agrediu depois com o taco de golfe. O menino viria a morrer esta semana no hospital.[A comunidade, revoltada, começou terça-feira a atacar as lojas de cidadãos de origem paquistanesa. A violência estender-se-ia de imediato contra outros estrangeiros, designadamente cidadãos somalis que têm bancas nas ruas." (realce a vermelho da minha autoria, CS)
Segundo número da série. Escrevi no número inaugural que a xenofobia é uma forma extrema da "lei do grupo", a forma da construção colectiva do inimigo total, do inimigo absoluto. Essa construção existe e actua ab initio? Absolutamente não. O efeito semáforo (o verde para os nossos, o vermelho para os outros) só tem validade caso entrem em jogo as infra-estruturas sociais que produzem e reproduzem pelo imaginário a unidade interna face ao outro, ao exterior, ao distante, ao desconhecido, ao atemorizante. Basta um suposto roubo de rebuçados e uma agressão punitiva para gerar a "lei do grupo" e a construção colectiva, comunitária, do inimigo total? Não, não basta, como procurarei mostrar mais tarde.
(continua)

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