27 junho 2012

Liga dos Estudantes Comunistas de Moçambique (20)

Vigésimo número da série, décima segunda questão:
Carlos Serra: Como analisais o país entre 1975 e 2012?
Régio Conrado: Em 1975 alcançámos a independência. O país tinha herdado uma economia desfigurada, desarticulada, de serviços. Estávamos numa situação de precariedade económica, mas mesmo assim podemos dizer que apesar dos nossos problemas conseguíamos orgulhar-nos de ser Moçambicanos. Durante esta primeira República nós tínhamos um Estado em que os serviços sociais e educacionais eram dos melhores e dos mais abrangentes, tÍnhamos produtos que eram exportados e isso constituía o nosso orgulho e fonte de divisas para o país. Tínhamos problemas, mas todos sabiam por que passavam fome, por que não iam à escola. Era um período em que todos podiam ser capazes de compreender a sua dramaticidade.
(continua)

7 comentários:

Armando disse...

O Moçambique de que ele fala deve ser outro. Herdamos uma economia frágil, mas estava no top 10 de África. E quem destruiu? O Comunismo Marxista-Leninista, na luta feroz que se fez aqui em Moçambique contra o capitalismo. A história já demonstrou que o comunismo não é bom para os povos. A distribuição igual e justa que se faz é da probreza, porque o comunismo não produz riqueza. O que têm de pensar é um capitalismo mais humano, que distribua melhor a riqueza. Há bons exemplos: A Dinamarca, a Suécia, a Suíça, o Canadá, etc etc. Para o bem e para o desenvolvimento da humanidade, comunismo nunca mais. Ensinaram-nos na escola que o comunismo era bom, mas depois da queda do bloco comunista verificou-se que aqueles paises todos eram pobres e tecnologicamente atrasados.

TaCuba disse...

Se lembram das campanhas da medicina preventiva, dos muitos êxitos?

ricardo disse...

Conrado, va estudar o assunto antes de falar. Se aqui havia uma economia incipiente de servicos, entao NAO SOU EU quem gosta de dizer que a fuga massiva de colonos reduziu o nosso aparelho produtivo a nada. Ja em 1976 comecamos a ter bichas e racionamento em Maputo, e as fabricas, machambas e outros estavam ai. Ja havia aqui uma industrializacao para servir o mercado interno (e nao o de exportacao). O nivel de importacao de bens e servicos era notoriamente BAIXO se comparado com os nossos dias. E os consumidores nao estavam racialmente divididos. Portanto, desta vez, mentiu por conta da ideologia que professa. Ora isso, e muito censuravel.

Regio Conrado disse...

Ricardo, estou as minhas ideias com nas leituras que fiz e faco em torno da historia de Mocambique, nao afirmo nada que nao tenha passado por uma grande revisao. Mais ainda, se olharmos para aquilo que e a realidade que o sistema e regime politicos nao sao directamente ligados. O comunismo quando nao confudido com ditaduras pode contribuir mais para a bem-estar de todos e nao apenas de alguns. Nao entrarei nos seus oportunismos pois se ha uma coisa que faco e estar a estudar, investigar para evitar corriqueirismo. Ademais, se o ricardo ler bem a historia de mocambique vera que tera de reflectir sobre os seus pensamentos. Se nao vejamos, era das dez melhores economias mas relativamente a que economias e qual era a estrutura economica de Mocambique no tempo colonial? Que tipo de economia Mocambique tinha quando entrou para o panteao de paises independentes? Eu penso que as pessoas devem discutir as coisas com conhecimento de causa pois que conhecer historia nao saber ou conhecer datas e dizer bla bla mas sim ter a capacidade de desenvolver uma percepcao sobre a realidade a partir das categorias historicas. Ricardo, ao longo da historia de Mocambique contemporaneo notara que a economia so atingiu pontos aceitaveis em 1973. Sabe porque? Leia um pouco mais do que a raccao que podera ter recebido. Mas em todo o caso a liberdade para mim nao e libre arbitrio mas mit-zein e dai respeito o seu posicionamento. Contudo, preciso chamar atencao para uma coisa. nao confunda experiencias que se pretendiam comunistas com o comunismo enquanto proposta oposta ao capitalismo. nao podemos negar que apos a independencia tivemos problemas tanto porque os quadro que existiam fugiram porque achavam que os pretos nao podiam governar ou mesmo por outros motivos objectivos e subjectivos. Ha igualmente causas que explicam essa situacao da descida exportacao. Houve excessos na primeira Republica mas que outras perspectivas se seguiriam naquele momento historico?

Regio Conrado disse...

Armando, nao estou para discutir se e bom ou mau. deixo isso para os dicotomizadores. eu estou simplemesmente a pensar por uma via que trazer ideias que nos podem ajudar a compreender o comunismo de outra forma que nao seja a deformada ou pelos menos a que nao condiz com os fundamentos essencias do comunismo. Para devia entrar mais a fundo nas suas compreensoes em torno do comunismo. nao entrarei em muito detalhe pois que levaria tempo demais para mostrar que algumas percepcoes sobre o comunismo precisam ser revisitas.

ricardo disse...

Regio Conrado, e perfeitamente "normal" ter atingido o patamar em 1973, tendo em conta que a verdadeira industrializacao comecou nos anos 60. Nenhum pais do mundo, mesmo a China, atingiu patamares razoaveis de desenvolvimento em menos tempo. Por outro lado, ja que gosta de ler, pedia que consultasse tambem os anuarios economicos de Mocambique onde percebera a evolucao da tendencia do crescimento economico da entao colonia de Mocambique. O que voce afirmou aqui e que o verdadeiro desenvolvimento so comecou apos a chegada da FRELIMO ao poder em Mocambique. Ora, eu acho que esta a confundir desenvolvimento economico com a contrucao do "Homem Novo" o que de si, tambem requereria um esforco economico tremendo que a FRELIMO nao teve competencia de avaliar, salvo algum realismo e coerencia individuais, como a deste senhor aqui:http://spesgaudium.blogspot.com/2010/11/o-primeiro-dia.html, por varios motivos, sendo o mais obvio, a "copia" ingenua de sistemas de governacao do pacto de Varsovia como substituto a medida do sistema castrense "nachingweya", mas tambem o oportunismo e jingoismo de pessoas como este senhor aqui: http://delagoabayworld.wordpress.com/category/pessoas/mario-f-g-machungo

Em suma, muitos erros, por inexperiencia de visao e governacao do seu pais. Na realidade, o que se viu, e se ve ainda hoje, e que o seu nobre pais criado pela sua FRELIMO e sustentado por principios e leis administrativas do tempo de D.Maria II. As financas publicas, ainda sao alicercadas com o regulamento de Fazenda de 1901, porque o moderno SISTAFE e insuficiente. E ate o Codigo Penal e do Processo Penal sao copias do regime da era colonial. E se quiser saber porque ainda assim e, nao leia somente livros de historia, entreviste os decanos do funcionalismo publico e do Governo da Republica de Mocambique para ver se eles nao concordam que o sistema que herdaram do Colono, nao era mau em todos os aspectos como voce pretendeu aqui defender com base em consultas factuais de biblioteca. E nao e uma questao de saudosismo. E uma questao de eficiencia.

Portanto, estude melhor os assuntos, antes de se posicionar ideologicamente.

Unknown disse...

Ora viva meu caro Régio Conrado! O pensamento é sempre partidário, por defender determinados interesses, objectivos, aspirações, valores, noções, em suma uma determinada concepção generalizada sobre o homem e as coisas. Porém o pensador pensante, inocente e natural, nunca é partidário, os pensamentos são que se lhe rebelam e tomam partido. Entenda assim meu caro que não lhe escrevo como paladino, apologista ou aspirante a comunista, o escrevo apenas como vítima de meus próprios pensamentos, veementemente abalados e sensíveis à realidade. É pois, com enorme prazer que lhe saúdo, e dedico-lhe estes meus incipientes juízos.

Costumam o mais das vezes, os leitores passivos, consumidores e escravos da história e não senhores nem exploradores dela, aqueles que desejam conquistar as graças de um erudito, afirmar que o comunismo teve a sua derrocada com a queda do murro de Berlim, o pensamento marxismo-leninismo foi incinerado e conferido a devida certidão de óbito com o triunfar da economia do mercado. Barda ingenuidade. a vida é esse processo de criação e destruição, porém nem tudo claramente se inventa, e ao criar-se destrói-se o já existente: é o caso do comunismo que tantos o tomam por filosofia morta. o comunismo não morreu, tornou-se na moral do capitalismo, a lei do trabalho que rege as relações laborais no nosso século, é disso exemplo paradigmático. a democracia social não o poderia deixar de ser, o crescentes sentido humanístico do capitalismo outrora selvagem testemunha-o flagrantemente, e o desenvolvimento igualitário dos países socialistas , é já de si a concretização do que com Marx e Engels em vida ira tomado por utopia. Devemos é perceber que a utopia é o desabrochar das forças teóricas cuja acção é a arma ideológica e primordial da luta ideológica dos homens revolucionários, descontentes e inconformados com as verdades legadas, desejosos de sair do mundo criado, aquele que o chamamos de realidade ou prática, para através das ideias que formam através das meras representações microscópicas do que está por de trás da prática, criarem as verdades reveladoras e orientadoras no rumo à perfeição. é assim que o pensamento Marxista, foi precocemente concebido como tal, e por imaturidade espiritual, o homem do século XXI, não solta os seus olhos das peias da escuridão, para perceber que, este é, como bem o vaticinava Marx, apenas o inicio das manifestações concretas da força transformadora do pensamento Marxista, e compreende-se pois a teoria, tem por missão dar golpes fatais à prática, e quando ela, a teoria se torna prática, os homens não a reconhecem mais.(...)