27 abril 2012

Hábitos e fixismos (7)

Sétimo número da série. Falei-vos no número anterior do nosso Museu de História Natural. Permitam-me agora falar-vos de sapatos, sapatos prosaicos, a partir da adaptação de uma ideia de Georges Politzer. Sapatos? Sim, sapatos. Um dia compramos sapatos, digamos que sapatos castanhos. Todos os dias os calçamos. Ao fim de algum tempo perguntamo-nos: são os mesmos sapatos que comprei há tempos? A resposta formal da nossa alma é: sim, são os mesmos, são absolutamente os mesmos, mesmo formato, mesma cor, mesmo tudo. Porém, se os sapatos são formalmente os mesmos, são dialecticamente outros: formalmente são os mesmos, dialecticamente são outros, são mais velhos, foram sucessivamente engraxados, as solas são outras, etc. No dia-a-dia, o nosso pensamento é do tipo dos sapatos-sempre-os-mesmos. Prossigo mais tarde.
(continua)

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Uma palavra, excelente.