27 dezembro 2007

Quem é o inimigo? (1)

Esse o título de um livro em três volumes da autoria do falecido Aquino de Bragança e do sociólogo norte-americano Imannuel Wallerstein, publicado em 1978 pela editora portuguesa "Iniciativas Editoriais". Trata-se de uma rica colecção de intervenções de dirigentes dos então movimentos de libertação nas ex-colónias portuguesas e na África do Sul. No calor da luta, a pergunta era sempre a mesma: quem é o inimigo?
É esse título que me levou a esta nova curta série. Então, a pergunta é: quem é o inimigo, ontem e hoje, em Moçambique? Veremos como a produção política do inimigo o foi metamorfoseando à medida que a concepção das relações sociais foi mudando, até o tornar hoje numa figura técnica, amorfa, animal mesmo. E fazendo isso, tentarei manter a linha de pensamento das minhas postagens anteriores concernentes à informação-natureza: o pensamento da direita hoje e aos mandarins.

9 comentários:

Xiluva/SARA disse...

Uauuuuu! Vamos lá ver.

Joana disse...

Já leu os textos de alguns mandarins em seus blogs? São de antologia.

Carlos Serra disse...

Quando tiver tempo verei.

Anónimo disse...

Who is the enemy?

The word ”enemy” belongs to a war situation and should be ’purged’ from the vocabulary in a peaceful democracy.

Unfortunately, in many countries that have a recent history of civil war or of a war of liberation, the view that political adversaries are regarded and physically treated as ”enemies” is extremely harmful to the development of political tolerance and democratic attitudes, and hence ultimately, to democracy.

To me, the use of the word ”enemy” is not a matter of philosophy but one of democratic cleanliness.

AGRY disse...

Acabo de redigir um comentário mas, optei por Fannon:
"No seu monólogo narcisista, a burguesia colonialista, através dos seus universitários, tinha metido profundamente na cabeça do colonizado que as essências continuam a ser eternas, apesar de todos os erros imputáveis aos homens.
O intelectual colonizado aprendera dos seus mestres que o indivíduo deve afirmar-se. A burguesia colonialista tinha metido, a golpes de pilão, na cabeça do colonizado a ideia de uma sociedade de indivíduos em que cada qual se encerra na sua subjectividade, em que a riqueza é a riqueza do pensamento. Ora o colonizado, que tiver hipóteses de se dissimular no meio do povo durante a luta de libertação vai descobrir a falsidade desta teoria.
O intelectual colonizado assiste, numa espécie de auto- de –fé , à destruição de todos os seus ídolos: o egoísmo, a recriminação orgulhosa, a imbecilidade infantil daquele que sempre quer ter a última palavra"

Carlos Serra disse...

Hi, Bosses! Listen, my goal is to show the political production of the concept, I think it´s useful. Wait then...Best regards!

Carlos Serra disse...

Agry: sempre útil, sempre necessário, cada vez mais necessário regressar a Fanon, a Cabral, a Samora, etc.

Anónimo disse...

Professor,
No seu trabalho, não se esqueça que houve também o "Como Age o Inimigo", de estudo praticamente obrigatório em todas as escolas e grupos dinamizadores de Moçambique.
M.

Carlos Serra disse...

Obrigado, vamos a ver se consigo colocar correctamente este aliciante tema da produção do inimigo.